Peças e montagem de uma baliza

“ Na sua generalidade as cavernas têm 24-25 centímetros de grossura, isto é, de largura na sua secção transversal (perpendicular ao seu eixo maior, que se desenvolve no sentido leste-oeste). A respectiva altura nas suas extremidades e na secção idêntica é de cerca de 15 centímetros. E apresentam um comprimento médio de 4,7 metros, com um máximo de 5,08 (C7) e um mínimo de 4,24 (C2). Deste modo forçoso é concluir que esta é a mais poderosa estrutura transversal conhecida à escala internacional num navio de tradição ibero-atlântica, a par da do Cais do Sodré que apresenta dimensões equiparáveis.” ALVES, F., CASTRO, F., RODRIGUES, P., GARCIA, C., MIGUEL A., "Arqueologia de um Naufrágio", Nossa Senhora dos Mártires: A última viagem, Lisboa, Verbo / EXPO 98, 1998, p. 203.Cortando as peças das balizas (cavernas e braços)
Conjuntos de peças para 23 balizas
“Chamão couado onde a cauerna começa fazer uolta para cima. A qual uolta ha de fazer em redondo, e não em canto dereyto: digo dereyto, de linhas dereytas, posto que seja obtuso, ou rombo, quanto quer que seja. Por que ainda que assy possa seruir, nao faz tão boa obra, nem serue tão bem, como redondo; por muntas rezões. 0 redondo he mays capaz, e mays espedido, e parece milhor. Do couado para cima chamao braço. Este tambem ha de uoltar em redondo, pollas mesmas rezoes; e do seu couado he de comecar a fazer sua uolta, de maneyra, que a uolta dambos seja hua mesma, feyta com hum rol, e sobre hum mesmo centro; de tal modo, que desdo couado uaa o braço tendo forma circular. A qual teraa, atee o liuel das tres quartas da altura; e dahy sobiraa mays dereyto, atee o conues, a quarta parte que lhe fica.” Fernando Oliveira, Livro da Fábrica das Naus, fol. 111.
“Aquelles pedaços que os braços aqui sobem hum pouco dereytos, chamão os nossos carpenteyros hastes, por que as hastes das lanças, ou quaesquer outras cousas sao dereytas.” Fernando Oliveira, Livro da Fábrica das Naus, fol. 112.
“ Concomitantemente todos os pares caverna/braço têm os seus componentes na mesa posição relativa. Assim, as cavernas propriamente ditas situam-se do lado norte, que corresponde à parte central do navio, os braços unem-se, de cada lado, a elas pelo lado sul, que corresponde a uma das extremidades. Esta constitui uma característica presente, sem excepção, em todos os exemplos de navios conhecidos à escala internacional, de tradição construtiva ibero-atlânica.” ALVES, F., CASTRO, F., RODRIGUES, P., GARCIA, C., MIGUEL A., "Arqueologia de um Naufrágio", Nossa Senhora dos Mártires: A última viagem, Lisboa, Verbo / EXPO 98, 1998, p. 203.
A caverna mestra é a principal de um navio, por ela se define a boca e o desenho vertical do casco. É a assinatura arquitectónica do navio e condiciona a tipologia e as condições de navegabilidade do mesmo. Todas as balizas são construídas segundo os mesmos princípios e derivam do desenho da baliza (caverna) mestra. São constituídas por várias peças embaraçadas entre si.